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As Moedas Digitais dos Bancos Centrais (CBDCs): O Que Vêm Por Aí?

As Moedas Digitais dos Bancos Centrais (CBDCs): O Que Vêm Por Aí?

10/10/2025 - 01:32
Bruno Anderson
As Moedas Digitais dos Bancos Centrais (CBDCs): O Que Vêm Por Aí?

Em um mundo cada vez mais conectado, a evolução do dinheiro caminha na direção digital. As CBDCs estão prestes a transformar não apenas a forma como fazemos pagamentos, mas também a própria estrutura do sistema financeiro global. Este artigo explora definições, motivações, avanços e desafios, e mostra como cidadãos e empresas podem se preparar para uma nova era de pagamentos mais rápidos e seguros.

O Que São as CBDCs?

As CBDCs são versões digitais da moeda fiduciária emitidas e controladas diretamente pelo banco central de cada país. Elas diferem das criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin, que não têm lastro oficial nem supervisão estatal.

Também não devem ser confundidas com stablecoins privadas, que são emitidas por empresas privadas e lastreadas em ativos como dólar ou real. As CBDCs são oficiais, têm curso legal e podem conviver com o dinheiro físico e os sistemas de pagamento tradicionais.

Por Que os Bancos Centrais Estão Desenvolvendo CBDCs?

Vários motivos impulsionam essa iniciativa global:

  • Melhorar a eficiência e segurança do sistema de pagamentos eletrônicos.
  • Reduzir a dependência de dinheiro físico em declínio.
  • Promover a inclusão financeira, alcançando quem não tem conta bancária.
  • Diminuir custos e tempo de remessas internacionais.
  • Mitigar riscos de instabilidade causados por instrumentos privados não regulamentados.

Em suma, o objetivo é criar uma infraestrutura mais resiliente, capaz de atender às demandas de um mundo digital, garantindo ao mesmo tempo proteção contra fraudes e lavagem de dinheiro.

Cenário Global Atual

Hoje, cerca de 137 países e uniões monetárias exploram ou estudam CBDCs, segundo dados da Nexa Finance. Apenas cinco avançaram para a fase de desenvolvimento ou pilotagem.

Embora o Federal Reserve esteja apenas em fase de estudo, na Europa e na Ásia outras nações avaliam modelos distintos, buscando equilibrar inovação e segurança.

O Caso do Real Digital (Drex) no Brasil

No Brasil, o projeto de CBDC é conhecido como Drex. Sob responsabilidade do Banco Central do Brasil, o Drex chegou a testar soluções baseadas em blockchain.

No entanto, em setembro de 2025, o BCB decidiu abandonar o uso da blockchain por preocupações com privacidade e segurança. Atualmente, o projeto está encerrado, mas o país segue como um dos mais avançados em pesquisa de CBDCs.

Regulação e Propostas Legislativas

Apesar de não haver legislação específica para CBDCs, diversas iniciativas buscam dar segurança jurídica ao tema:

  • Projeto de Lei 4308/2024, que regula stablecoins e estabelece requisitos de lastro e transparência.
  • Consulta Pública 111/2024, propondo mudanças para incluir ativos virtuais no mercado de câmbio.

Para ser eficaz, a regulação deve garantir:

  • Estabilidade financeira e proteção ao usuário.
  • Interoperabilidade com sistemas bancários tradicionais.
  • Privacidade e segurança dos dados pessoais.
  • Inovação sem abrir brechas para crimes financeiros.

Desafios e Críticas às CBDCs

Embora prometam benefícios, as CBDCs enfrentam críticas importantes, como o risco de centralização excessiva das transações na esfera estatal. Isso pode dar ao governo poder de monitoramento sem precedentes.

Além disso, há preocupações com:

  • Vulnerabilidade a falhas e ataques cibernéticos, exigindo sistemas robustos de defesa.
  • Impacto na privacidade, caso não sejam implementadas tecnologias de anonimização.
  • Resistência social em populações desconfiadas das instituições governamentais.

Comparação: CBDCs vs. Stablecoins

Enquanto as CBDCs são emitidas por bancos centrais e têm respaldo estatal, as stablecoins privadas podem variar em solidez e sofrer falta de regulação. As CBDCs oferecem liquidez ilimitada e segurança jurídica, mas podem ser menos flexíveis.

Por outro lado, as stablecoins ganham velocidade e adoção por plataformas globais de pagamentos, ainda que com maiores riscos de evasão de capitais e fraudes.

Impacto nas Relações Internacionais e Soberania

As CBDCs podem redesenhar o sistema de pagamentos entre países, reduzindo custos e prazos para transferências. Na prática, nações que adotarem moedas digitais oficiais podem fortalecer sua influência econômica e diminuir a dependência de moedas estrangeiras dominantes.

Alguns estudos indicam que grandes economias, ao restringirem iniciativas de moedas digitais, protegem interesses de big techs e instituições privadas no mercado global de pagamentos.

Perspectivas Futuras

O sucesso das CBDCs vai depender de como governos e reguladores equilibrarem inovação, inclusão e segurança. A adoção em massa enfrenta entraves técnicos, legais e culturais, mas as vantagens potenciais são imensas.

Cidadãos e empresas podem se preparar:

  • Aprimorando alfabetização digital e financeira.
  • Acompanhando debates regulatórios e participando de consultas públicas.
  • Explorando soluções de pagamento eletrônico seguras.

Assim, teremos uma transição mais suave para um sistema financeiro digitalizado, promovendo acesso igualitário a serviços e impulsionando o desenvolvimento econômico.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson